Além do tempo...

por **Alathor** Sáb Jul 13, 2013 10:10 pm

Legenda

Narração

"Pensamento"

- Fala

Uma enorme área recoberta por areia que dançavam ao soprar dos ventos, sua cor dourada remetia à ouro em pó quando iluminada pelo sol. Os grânulos eram finos o suficiente para serem quase imperceptíveis quando observados de forma isolada. Um mar de areia cuja imagem era distorcida devido ao calor excessivo, a temperatura abaixo da superfície era um tanto quanto amena, todavia a primeira camada, aquela que recebia diretamente os raios solares ultrapassava os 50° C. O céu sem nuvens permitia um espetáculo único do astro rei que brilhava imponente e solitário, que rodeado pelo manto azul observava aquela terra sem vida dançar junto aos ventos. A temperatura do local estava igualmente quente a areia superficial e certamente tornava um ato milagroso a qualquer ser humano atravessá-lo. Os ventos que percorriam o local eram quentes e sem umidade, um ar tão seco que estouraria os vasos sanguíneos do nariz de quem por ali se aventurasse pelo fato de secar o muco natural da região nasal, sopravam violentos, suas rajadas cortavam a areia e as lançava em direções aleatórias por toda aquela extensão. A vida selvagem não era visível naquela extensão, restando apenas o vento e as areias como fonte de ruídos, juntos entoava uma canção singular e em sua maioria fúnebre para aqueles que tivessem a oportunidade de ouvi-la. O deserto escondia muitos mistérios e perigos e, portanto se aventurar ali sem conhecer a região ou possuir um guia certamente seria como assinar a própria sentença de morte. O mover constante das areias esculpiam formas magníficas de arte fazendo com que o local alterasse sua forma por diversas vezes, algumas vezes com formações de grandes dunas de areia, outras apenas um chão sem marcas, incontável e inesgotável eram as formas versáteis e exóticas que o local se exibia aos olhos dos deuses. Os dias passavam tão rápido quanto as noites, não havia noção de tempo ou espaço naquele lugar, tão pouco vida, ao menos era o que se esperava. Um oscular intenso do vento na areia aos poucos revelava algo escondido no ventre do deserto e logo um rosto se formava ainda que recoberto de areia. Uma face de traços sutis e rosto afinado emergiam da areia. A cabeça recoberta por um pano que certamente serviam como bandana que escondiam a ausência de cabelos e provavelmente também amenizava a intensidade do sol. O traçado dos olhos indicava que eram pequenos, contudo não se podia ver a cor, pois ainda permaneciam fechados. Os lábios eram finos e estavam semiabertos, todavia estavam recobertos de areia. A pele era clara, mas estava mais corada do que o comum certamente por permanecer exposto ao sol daquele local. O soprar mais intenso ali logo fazia com que o corpo daquele ser emergisse por completo e logo o sol iluminava o corpo de um jovem que deitado sob o manto arenoso media 1,75 metros de altura, um corpo atlético e bem definido, pesava cerca de 80 quilos devido a sua massa muscular bem desenvolvida. Os trajes do jovem indicavam que era um monge shaolin e que provavelmente havia se perdido e acabara consumido pelo deserto. O jovem parecia estar morto, contudo uma pequena contração muscular começava a indicar o contrário, seus dedos mencionavam pequenos e involuntários movimentos, seus pés igualmente procuravam através dos dedos o solo para tocá-lo. As pernas vagarosamente desfiguravam as areias, mas ainda permaneciam estiradas ao chão. O jovem respirava com dificuldades e de forma fraca e isso podia ser notado pelo mover de pequenos grãos em seu buço. O sol observava aquele jovem que ao abrir os olhos, já o fechava rapidamente devido à intensidade da luz. O monge permanecia parado seu corpo estava dolorido e sua mente confusa, debaixo daquele sol escaldante em meio aquela paisagem desértica três pensamentos emanavam de sua mente.

“O que aconteceu comigo?”

“Onde eu estou?”

“Como vim parar aqui?”